21 novembro 2009

Conversa redonda

Já não escrevo nada à bué. Melhor dizendo, isto dos blogs é fodido. Um gajo para aqui a escrever sózinho sobre cenas maradas dá sono e só apetece dizer que é para amanhã. Depois escrevo sobre o quê? Vai passado, presente ou futuro? Sobre banalidades dá-me seca, política não está in e de gajas não posso falar. Falar posso. Agora ficava bem um foda-se. Foda-se! É sempre a mesma coisa, fala-se de gajas e um gajo transtorna-se. Outro dia estava na Argélia e dei comigo a pensar se as gajas usam cuecas. Não faz sentido usarem porque mesmo que se sentem de pernas abertas não se vê nada. A areia também não lhes salta para o sexo porque já reparei que fica toda na baínha das saias. É tipo embaladeira. Mas penso sempre como será. Será que quando um gajo se faz, as gajas dizem insha alah? E o que é suposto dizer? Inchá-la? Inchá-la como filha? tu ou eu? Porra esta vida é complicada. Em todo o mundo é dificil entender as gajas. Já outro dia uma búlgara me dizia: da. E eu dizia-lhe, mas dá o quê filha? e ela insistia, da. E eu dizia, foda-se já vi que não percebes nada do que estou a dizer. E ela insistia: da. Porra! Não dou nada. Complicadas as bulgaras. Gosto mais das portuguesas. Espertas as tugas. Nunca falam em inchar nada nem em dar nada. Mas falam português correctamente. E inteligentes. Outro dia passei por uma e disse-lhe: Ó boa! E diz-me logo ela: ades conhecer-me ades ades!!! Espertas as tugas...e simpáticas...

06 maio 2009

Escavações arqueológicas

Ultimamente apetece-me contar histórias da vida real, fantasias que me povoavam a mente na juventude, histórias fantásticas da minha idade adulta. Adulta ou cota, é o que quiserem, porque tou-me pouco lixando para rótulos e chavões! Numa noite como outra qualquer, mas não num sítio qualquer, levaram-me a um bar na cave de um prédio de muitos andares, desgastado e sujo pelo tempo, pousado numa selva de betão armado e de recordações côr de sangue. A descida pelas escadas estreitas, a música electrónica a aumentar brutalmente de volume e o cheiro a perfume vulgar e incenso, fizeram-me imaginar uma descida ao inferno. Não me lembro do nome do bar, mas lembro-me das inúmeras salas psicadélicas povoadas de pessoas invulgares, roupas atípicas, risos, faces... Entrei na sala principal e encostei-me ao balcão corrido e ondulante para pedir uma bebida, talvez uma caipiroska. A parede do fundo era ocupada por uma cruz monumental em madeira, onde uma mulher nua e de seios voluptuosos representava a crucificação, pernas ligeiramente entreabertas... madeira feita pecado...Quando ia para comentar aquela visão alucinante, copo gelado na mão, uma mulher nua dançava à minha frente no balcão e outra ao lado e mais outra além...Os corpos retorcidos em cima do balcão, a cerveja vertida a escorrer, a música alucinante, os olhos com brilhos de luzes intermitentes, a sensação de uma descida ao purgatório... ou paraíso? Pensei no que pensava quando circulava na rua. Pensei no que pensaria a próxima vez que circulasse na rua. Pensava naqueles que pensam que só existe o mundo à superfície. E pensei: puta que pariu, isto não tem nada a ver! Isto não é desbunda, não é curtir, não é loucura! Isto é a loucura total! Afinal há mesmo vida para além da morte e há sítios que o comprovam... Quando ao fim da noite emergi na rua, nunca mais fui o mesmo, parte de mim diluiu-se naquele mundo, ficou misturado na cerveja a pingar na ponta do balcão, suspensa no ar, sem gravidade. Na rua a neve caía ao ritmo do zumbido nos ouvidos, o ar gelado cobria-me a pele, a noite abria-se para me deixar passar...Pensei no que é real, no que é imaginário, na importância dos sentidos... e deitei-me no mundo dos novos primitivos...

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05 maio 2009

Pra onde eles váo, já eu de lá venho...

Já falei da desilusão, ou melhor, da confirmação do que era por demais evidente, sobre os famosos países de leste. Não se pense no entanto que não gosto dos países de leste! De facto adoro os países de leste, tendências politiqueiras à parte. Até porque esse é um peditório em que não dou, política. Mas voltando à vaca fria, os países de leste são para mim um fascínio, um deleite para os sentidos e um orgasmo intelectual. Muito se fala, muito se conta, muito se comenta, mas nada se compara a ir lá em trabalho. Nada de feriazinhas da treta nem hoteis encomendados numa agência de viagens tuga! Nepia! Tudo hard rock ao natural!!! A primeira vez que aterrei na Bulgária, senti-me logo em casa. As palavras escritas em letras garrafais no topo de um dos edifícios do aeroporto, fizeram-me sorrir e pensar que afinal o mundo é mesmo uma aldeia global... Air Khona. Air Cona? Fongasse...perguntei logo ao amigo Tchenev, que cena era àquela. O Tchenev que fala tuga, ria-se de boca aberta com um hálito potente a vodka: é a companhia aérea bulgara! Jura? Potente! Espero que faça juz ao nome... Na viagem para o hotel comentei que o vacão que ia a conduzir nunca fazia pisca... O resto dos búlgaros em vinha d'alhos riram-se pa carago! Porra, aqui os barbitúricos estão-se a rir de quê ó Tchenev?! Epah, sabes que em búlgaro pisca quer dizer pila! Nahhhhhhhh!!! Jura? Mas há aqui alguma coisa que não cheire a sexo ou vodka? É que esse gajo não faz piscas e agora pôs pisca na curva, tá com uma grossura que até estala.... Risada geral! Ó Tchenev, não digas mais...que broa é que mandei agora? Diz o gajo com ar de búlgaro: É que curva em búlgaro quer dizer puta... e tu disseste pisca na curva... Ahhh disse eu... pisca na curva.... E dizia o gajo: Os meus amigos tão a dizer que se os tugas são todos como tu, são uma moca... Ganda moca é a bulgária pah! E meus amigos se é... Só vendo carago, mas não levem companhia... lembram-se daquela de sete mulheres e meia? Butes pôr pisca na Bulgária! Nasdravia... Hic!

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30 abril 2009

A Coltura Muderna

Texto (verídico) retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano numa Escola Secundária das Caldas da Rainha (para ler, estarrecer,reflectir e aprender qlaro istà!!!)

REDAXÃO 'O PIPOL E A ESCOLA'

Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada Pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.
Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem Um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã? E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os Lesiades''s, q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no Aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem Abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras Foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu Assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver??? O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço De otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de Xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um Gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?

21 abril 2009

África Minha

A minha primeira viagem de "buzinesse" extra fronteiras ocorreu em 98 e aí apercebi-me pela primeira vez (seriam muitas), do quanto foi importante a minha (nossa) passagem pelas catacumbas da vida. O mestrado na escola da rua punha-me na posição de observador em vez de alvo. O chamado desvia-te, ou escolhe outro! O nosso 1º contacto seria em Dakar, um tal de Camarat, que nunca tínhamos visto nem mais gordo nem mais bronzeado. Air Afrique, aeroporto 1 da manhã, lá estava o dito, de papel de cartão na mão. Viagem para o hotel e tal, mas antes um flash de ácido: um polícia de mota no meio de um cruzamento controla o trânsito. Não fossem os óculos escuros, seria um canga de qualquer metrópole europeia... Malas no hotel, vamos ao cônsul obter um visto para seguir para a Guiné Conakri. Nome do cônsul: Camarat. Boa, assim já não nos enganamos no nome, deve ser de família... Esperamos em banquinhos de madeira, rádio a bombar, estrelas no céu e calor qb. Ao lado as 6 mulheres do cônsul lavam a louça do jantar. Num buraco no chão claro, com água claro (não disse clara...). Back to the hotel, dormir com a carteira debaixo da cabeça que a janela não fechava. Manhã radiosa, Air Afrique, escala na Gâmbia para arranjar um motor manhoso. Na boa, 2 ou 3 horas, mas almoçámos um belo copo de água. Come-se bem na Gâmbia. Motor enxertado, porta fechada para manter o cheirinho e cá vamos nós...Chegada a Conakri, uma bela pista ladeada de floresta, debaixo dos coqueiros alguns mig 21, já com raízes a saírem do trem. Calor. Onde está o gajo? Deve ser aquele (era o único com ar de esperar europeus amestrados), é mesmo pah! Nome? Camarat. Fonix men, dizia eu, já viste que se somos roubados ó carago, vamos à esquadra dizer que foi um tal Camarat e na volta este pessoal daqui é todo Camarat? Pergunta o gajo: trouxeram aspirinas? e sapatos? Sonhei mostrar-lhe o dedo médio esticado, mas pensei melhor quando ele saiu com as nossas malas e os passaportes. Ficava a dúvida de como explicaríamos ao chefe da esquadra quem era este Camarat se ele nos fanasse os passaportes. Mas não. Gajo impec, ofereceu-se logo para lhe pagarmos uns frangos de churrasco e umas bjecas. Só não estávamos muito avontade na tasca lá do sítio, porque estávamos de ganga e camisinha e o gajo de fato branco e sapato à Louis Armstrong. Fonix, e se tava calor... vai lá vai que até a Barrack Obhama! Só saímos depois da cerveja fresca acabar e lá fomos no seu mercedes com 300 mil kms que não parava de gabar...bonne voiture non? E nós dizíamos, boa? espectacular men, ganda carrão, é feito cá? Não, é de importação, vem da Europa...ahhhhhhh.... fonix só podia... Carro importado, que não é qualquer carro que serve ao Camarat... depois conto mais prometo...

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20 abril 2009

O Céu Infernal na Terra

A notícia de que havia uma casa à nossa disposição durante uma semana ou duas, e que o nosso amigo das esferas tinha a porta aberta para alguns, correu depressa. Tão mas os cotas? Onde estão os cotas?! Do outro lado do Atlântico!!! Desgraça... A porta transformou-se num portal e os alguns transformaram-se em todos... Um covil só para nós, onde podíamos ter o antes, o durante e o depois, na maior das calmas, com a nívea do lado de fora e os índigenas locais a interrogarem-se onde andariam aqueles de quem se falava. Mas uma das maiores características que possuíamos, era a capacidade inata de transformar pequenos eventos em festas de dimensão apocalíptica. Ainda mais num local com uma garrafeira maior que a casa da maior parte de cada um de nós, com arcas frigoríficas recheadas onde dava para estacionar um mini e tantos quartos que nem conseguíamos perceber quantos. Os avisos de "n'a pas de babouge" e "olhó processo", só davam para rir e fazer descidas de tobogan do 1º andar para o rés do chão. Ainda me lembro de todos a delirar com a mota a arrancar relva dos canteiros, dos petiscos até chegar ao fundo das arcas, da cada vez maior dificuldade em atingir as garrafas das prateleiras mais altas, dos voos razantes às alcativas, a saltar para cima de corpos nus em voo picado e das delirantes loucuras na cama nobre da casa, com remates finais de odores duvidosos. A viagem do Charles Duchassois, para além de mais cansativa, ficou a milhas do cardápio monumental que consumimos, item a item, dia após dia, naquela casa. Alguns de nós só foram a casa para tomar banho e mudar de roupa, porque o espectáculo não podia parar. Conseguimos recriar uma Las Vegas com cheiro a Kathmandu e sabor a Tailândia, mesmo no centro de uma cidade de preconceitos e tabus do tempo da inquisição e ainda gozávamos com aquela merda! Melhor que aqueles dias, só mesmo se o Paraíso fôr um enorme bordel de freiras, em saltos altos e cintos de ligas, a oferecerem-nos charruas sobre lombos de lagosta suada, com James Martin a acompanhar... Mas como não sabemos se é mesmo assim, já provámos do céu e do inferno, mesmo a abusar... e como ainda não havia a tecnologia de hoje em dia, o S. Pedro não deve ter gravações e vai morrer tudo no diz que disse... Eu por mim, já nem me lembro...

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19 abril 2009

Ir a Ceuta não, podemos ser banhados...

Moços novos, já convencidos das nossas capacidades de pequenos mafiosos, entrámos no mercado de Algeciras, calças de ganga e óculos escuros, como dizia o outro, gingando na rua ao som de lou reed...Mas era muita areia para o nosso carrinho de plástico de brincar na areia,... para nós olhar para aquelas caras mistas de espanhóis e marroquinos, era a mesma coisa que quando olhávamos para os hieroglifos que o zé das bananas escrevia no quadro negro...Mas para os pintas que ali circulavam, erámos mais um peixe com vontade de morder o anzol. Via-se bem na nossa cara, que não andávamos à procura de souvenirs ou pacotes de pipocas e houve logo um bacano que nos topou... Chocolat? chocolat? E nós, qual chocolate qual carago, queres ver que este mano é que é o dealer daqui da banda...Vamos todos, não vais tu, vais tu o carago, acabou por ir o M... Nós preferimos pensar que erámos a cobertura, os maganos que interviriam se fosse necessário. Os guarda costas, os seguranças, pequenos mafiosos da rua da janja...O M lá foi e nós a controlar a uma distância segura... O dealer tinha uma alta mota, p'ra aí de 50 cc, tipo zundapp e quando subtilmente desaperta a tampa lateral, saca de um ovo castanho...um ovo...coisa nunca vista mas com ar de ser um grande negócio, por um preço da uva mijona...fdx ganda ovo! Compra, compra! E pimba, vem ovo, voa nota! Puta negócio, um ovo de colombo! E ao preço de uma amêndoa! Ganda negócio... Óbvio que não podíamos deixar o ovo assim fechado, tinhamos de ver se tava galado! Difícil! Muita fita cola! Muita, muita! Mas com custo lá foi, um buraquinho e sai um pozinho lindo, que parecia aquela cena que a nossa mãe às vezes usava para cozinhar... Mas não era! Nem podia ser, em Algeciras não! Só podia ser algo nunca visto... Zás, papel de arroz e saliva qb, fogo à peça e.............bate? não bate? parece que bate...hmmmm talvez um bocadinho... vá, bate um bocadinho... mal se nota.... Outra! Faz outra! E outra! Mais outra! Fdx puta dor de cabeça! Porra, ninguém nos tinha falado naquilo....Kiff... Kiff? Kiffffff??? Ké essa cena?! Trabalheira do carago, agora tínhamos que arranjar maneira de encontrar uns otários e contar-lhe uma história valente... O kiff de mão em mão... Só assim podíamos passar a banhada e voltarmos a sentir-nos os donos da rua... Kiffff...... bahhhhhhhhh!!! De volta ao nosso burgo, lá voltámos às nossas tarefas domésticas, mas agora sem necessidade do 1, 2, 3!!! Celofane, um paninho, um ferro de passar jeitoso e agora eramos nós que diziamos... chocolat! chocolat!
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Mais umas guitarradas para dissolver as mentes obliteradas por muito óleo....As duas primeiras já tinha "postado" mas apaguei.... ouçam também as outras e curtam!

17 abril 2009

Na Selva

A propósito de politiquices e da cambada de incompetentes que gere o burgo....
Um coelhinho felpudo estava fazendo as suas necessidades matinais, quando olha para o lado e vê um enorme urso fazendo o mesmo. O urso vira-se para ele e diz: - Ó bacano, soltas pêlos? O coelhinho, vaidoso e indignado, respondeu: Népia djô, venho de uma linhagem muito boa... Então o urso agarrou o coelhinho e limpou o cu com ele... MORAL DA HISTÓRIA: CUIDADO COM AS RESPOSTAS PRECIPITADAS, PENSA BEM NAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS ANTES DE RESPONDER!

No dia seguinte, o leão, ao passar pelo urso diz: Ó gayzolas! Com toda essa pinta de bravo, forte e machão, vi-te ontem a dar a peida pra um coelhinho felpudo todo mariconço! Já contei a toda a gente, ó tótó!!! MORAL DA MORAL: PODES ATÉ LIXAR ALGUÉM, MAS LEMBRA-TE QUE EXISTE SEMPRE ALGUÉM MAIS FILHO DA PUTA QUE TU!

MORAL PRÁTICA: O problema de Portugal é que quem elege os governantes não é o pessoal que lê o jornal... é o pessoal que limpa o cu ao jornal!

16 abril 2009

Sons perdidos

No início das bandas de que o M fala, quando ainda não havia o equipamento todo que o homem das locomotivas acabou por comprar, íamos lá p'ras bandas da Serra, mais precisamente para a banda do miranda do cabolitê... (rss rss) Era a casa do inglês, que era mesmo inglês, ele e a família toda, tudo GB. Vivia com o irmão e a mãe BBC. Máquina de escrever a bulir, nós arranhávamos grandes malhas numa cave/loja com cheiro a palha, onde apagávamos as pontas no chão sujo e sentíamos a inspiração daquele oásis multilingue com cheiro a vacas... Grandes almoços de batatas assadas no forno, abertas ao meio e cheias de manteiga a escorrer...o acompanhamento era uma bjeca e o famoso papel de arroz bem apertadinho, com saliva à mistura. O nosso transporte era o que calhava e uma vez até calhou voltar a pé, num quente fim de tarde de verão. Para nos seguir era fácil, porque deixávamos um rasto com cheiro às terras dos manos dos lençois. Eram tempos em que mal se ouvia falar de xutos mas nós não ousámos arriscar ser uns coices & joelhadas ou quiçá uns cabeçadas & marradas... Se calhar devíamos ter arriscado, até porque chegámos a tocar com um gajo que acabou por formar a banda das gaitas de foles dos templários. Mas não era o nosso estilo! Nunca demos para o lado da música a metro e muito menos para ser bichonas... Entre OMOMOV, strange, bandas azuis e outras coisas coloridas imprimidas em papel, acabei a tocar na banda dos trevos com o Zi, o turvo e o nogat. No som tínhamos o o zé dos bois, que nem sempre distinguia os botões da mesa de mistura dos parafusos brilhantes... Depois veio a vida e acabou-se a música nos palcos... Tinha chegado a hora de começar a dar música aos dançarinos da vida...

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Toma lá nada para não dizeres que te enganei..

O C das cabras um dia disse-me...
  • "Queres vir amanhã comigo a casa da minhá avó, para eu ir buscar cumbu?" Ok na boa, disse eu.
  • Na manhã seguinte lá estávamos na estação para apanhar o comboio para a terra dos vinhos.
  • Diz o C... "Pah temos que speedar, senão isto não tá com nada...toma aí vinte dinenteis p'ra cada um..."
  • Vinte???
  • "Ya men, na boa...tás com medo?
  • Não...ok, dá aí.
  • 9 da manhã, garrafa de água e 20 redondinhos na barriguinha! Pequeno almoço tomado. Apita o comboio...tclec tchlec e a mona a 300 à hora...
  • Chegamos à santa terra da santa avó, porta da casa e eu perguntei-lhe..
  • Mas costumas vir buscar cumbu à cota? Ganda pinta men..
  • Diz o C...
  • "Não djô! A gente entra, tu vais falando ca cota, que eu descorto-me e faço-lhe a carteira, tás a ver?"
  • Ahhhhhh....disse eu...
  • "Não desatines quinda a semana passada cá vim cupicas men! É na boa e depois bazamos e passamos no entroncas...tás a domar a cena?"
  • Tão na tou...disse eu...

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13 abril 2009

Memorias da treta

Esta cena dos blogs é potente sem dúvida.... Apesar de estarmos sujeitos às espreitadelas de quem só dá quecas atrás das cortinas, o que é facto é que desde que nós inventámos o àvontadinha, não havia sítio tão bom para descarregar o que nos vai nas monas, sem regras nem tabus. Às vezes dizem-me que não, que o que nós curtíamos também os putos de hoje curtem, ou mais ainda. Pois 'tá bem, já conheço a treta do bla bla epah já 'tás é cota e na sei kê! Mas é que a questão não é essa, a questão é que nós fazíamos e ninguém controlava! Era sempre a abrir! E mais! Até nos dávamos ao luxo de mandar grandes bocarras mesmo nas barbas de cotas, de profs ou de gajos da nivea, porque eles não viam um boi... tipo...."já viste os apitos do gajo?" ou "pede aí um limão ao ti diogo" ou "tens filtros?" ou "vai de butes e descorta a cena madiê tás a ver?"... e ninguém via nadinha... Agora o ppl curte sem dúvida mas é só regras e 'tão sempre a ser catados. E quem não sabe é fácil, chega a casa e vai ver à net. Ah pois a net é lixada... Isto tudo a propósito de hoje ter visto o novo blog do nosso amigo do bigode (já não tem bigode? ah pois não.... bom, tão vá...o amigo dos aviões telecomandados): potente, acutilante e sem censura... Fez-me lembrar aqueles tempos em que na saída da sala de convívio, fazíamos duas filas e entre dois estaladões nas costas dos caloiros, mandávamos uma à má fila num prof... (mandávamos porque agora é amandavamos...) e nadinha de filmes de telemóveis nem noticias na SIC... népia! Era só cortire... Até o calim calam curtia bué!!! Fdx lembrei-me agora do gajo na sei pk?! Ah e a propósito das dobragens, antes dobragens em espanhol que em português carago...até as unhas se me encarquilham quando numa dobragem em português a gaja diz que gosta de lember...dofasse... vamossimbora cu poste já tá munto grande e ainda mesvurcio à conta do purtatel e da nete...

11 abril 2009

Porreiro pah


Epahhhhhhhhh!!!! Tive a ler este post e foi logo cus cães! Tava muito anúncio de venda de cãezinhos lambe-cricas... E os meus dogs lá lamber, lambem, mas é mais morder... e cricas diz que não gostam muito... é mais carninha daquela boa e quanto mais sangue melhor... Bom... Mas são akitas e tal, uns japoneses outros americanos, mas tudo da mesma família. Os bisavós e trisávos andavam na caça de alces, porcos do mato e do urso Yezo, mas estes só caçam moscas, ratos e gatos que me entram no jardim. A lenda mais conhecida do Japão é a lenda de "Hachiko", mas depois vocês vêm no próximo filme do Ricardo Giro que tá para sair. Tinha contado umas histórias manhosas mas a sério a sério, o que eles gostam mesmo é de abrasar as galinhas da vizinhança, saltar pra cima de um gajo quando tão todos molhados e largar minas no jardim.São uns cães fixes. Não me melgam a mona, não me pedem dinheiro e quando chego a casa ficam todos contentes, mesmo que eu venha de trombas. São uns bacanos e mandam cumprimentos pó ppl todo! Béu béu disse-me o macho mais velho enquanto uma das fêmeas lhe lambia umas cenas que ele tem penduradas atrás... São uns brincalhões...

10 abril 2009

Os novos Primitivos

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Para ouvir com baixos qb.....

Noite Negra


Não pensava falar do rapto de s. pedro porque não queria enveredar por conversas ideológicas. Mas o M abordou o tema e lá terá que ser... Não há muito a dizer do rapto, fui levado numa carrinha enquanto me davam murros na mona e uma mulher iliterada repetia ao filho: "vês filho, isto é que é um nazi". O puto daquele tempo, deve hoje em dia pensar que todos os putos de 16 anos são nazis... Depois estive umas horas em casa de um Senhor Patrão auto-intitulado comuna, onde me foram perguntando quem eram os meus chefes enquanto me davam murros na zona dos rins. Óbvio que não havia chefes nenhuns, mas sim e apenas devaneios de adolescentes. Depois de algumas promessas de me atirarem ao mar amarrado a uma pedra, acabaram por me largar a norte do farol de madrugada e daí voltei a pé, a correr ao longo da estrada. Cenas tristes de adultos incultos armados em revolucionários de meia tijela. As tentativas de condenar quem executou rapto e sequestro de menor resultaram infrutíferas, porque os tempos eram de ideologias de esquerda. A justiça revelou-se uma justiça política e não uma justiça dos tribunais. Uma justiça de esquerda. Ainda hoje é assim... É triste falar desta merda porque aconteceu no nosso país e ao nosso grupo. Justiça pelas próprias mãos. Mãos sem princípios e a quem os fins justificam os meios. Escusado será dizer que não tendo sido feita justiça, espero que aqueles senhores tenham acabado amarrados a uma cama, consumidos por alguma doença fétida, lenta e dolorosa. No entanto a minha grande satisfação foi obtida a partir de 2002. É que nos primeiros dias de Janeiro de 2002 fiz a minha primeira viagem a países de leste, no caso a Romania, à grande cidade do Ceausescu, Bucuresti. E desde aí até à data de hoje tenho feito inúmeras viagens, às vezes mais que uma por mês, à Romania, Hungria e Bulgária. Qual o meu espanto quando afinal o império que era proclamado como imponente, justo, de solidariedade e com igualdade de oportunidades, era uma fraude! De imponente não tinha nada, estava decrépito! E de igualdade para todos, só se fosse pela miséria em cada rua, pela mafia a dominar o quotidiano ou porque eu pagava por uma refeição mais do que o empregado que me servia recebia num mês... Dos amigos que ainda hoje lá tenho, ouvi as histórias mais degradantes e senti a revolta mais profunda. Deu-me gozo sinceramente. Não o infortúnio de vida dos amigos que lá fiz. Mas deu-me gozo ver com os meus olhos, que as ideologias daqueles que aviltaram os meus direitos naquela noite em s. pedro, eram afinal uma mentira. Compreendi que era disso que eles tinham medo. Não de mim, mas de qualquer ideia que pudesse contrariar a mentira que defendiam e que podia ser descoberta. E foi felizmente. Deu-me gozo o gajo do Hotel suplicar por uma gorja. O polícia nos passaportes fazer-se ao dinheiro que levava na carteira. Os andrajosos que nos tentavam arranjar negócios de sonho. As mulheres a oferecerem-se por meia dúzia de dólares. Deu-me gozo só aceitarem dólares! Babarem-se por dólares! Deu-me gozo não tolerarem os pretos. Deu-me gozo pergutarem-me se Portugal era o mesmo que o Brasil. Deu-me gozo ver a fraude e poder tocá-la. Deu-me gozo ver que as pedras do palácio do Ceasescu não são pedras, mas uma imitação em betão armado. E afinal percebi que o que se passou em s. pedro também foi uma fraude ao estilo da mulher de César... embora não o sendo, havia que parece-lo... Calhou-me a mim levar com os cromos, mas de nada serviu para me mudar as ideias. Antes para reafirmá-las... "Quem deseja viver, prepara-se para o combate, e quem não estiver disposto a isso, neste mundo de lutas eternas, não merece a vida."

Estado de Alma

A explicação para a razão de gostar de estar num estado de letargia,o chamado "stone", varia de pessoa para pessoa e é muito difícil de encontrar. De encontrar e de atingir sem recorrer ao uso de substâncias psicotrópicas. A partir de uma dada época, essa necessidade deixou de existir para mim e passou a bastar-me o estado normal. Mas nas minhas visitas a terras de Allah, voltei a encontrar a mesma letargia e estado de alma que obtinha nesses tempos. Sentado à mesa às 3 da manhã em pleno Ramadão, a fumar um cachimbo de água e a beber chá de menta, enquanto assistia a uma dança do ventre ao som de tambores, flautas, violinos e cítaras, a ouvir lá ao longe o som que vinha das mesquitas....Al'akbar.....via a imagem das nossas noites à sombra da prata dos cachimbos e com a mente a flutuar nas músicas que cruzavam o ar que respirávamos...e senti muitas vezes o êxtase que antes encontrávamos... cheguei à conclusão de que apenas fabricávamos um estado de alma que existe nas noites do deserto e nas ruas das medinas... nos coiotes que deambulam pelo deserto e nos camelos que caminham em círculos...nos olhos negros e nas palavras Insha'Allah....

Musica da Terra do Nunca

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Aqui vai um som para fumarem o shisha....

09 abril 2009

Curiosidades

Sabiam que...
-Havia aquele amigo que quando chegava ao café, em vez de pedir um café como todos, pedia sempre: "Um café e uma Super Bock faxavor!"
-Beber cafés com super bocks pode provocar computodependência...
-Havia um gajo que andava sempre de gabardine (kispo?...é assim que se escreve?) fosse verão fosse inverno e vendia palitos.... madeireiro poupadinho...
-Havia gajos que diziam sempre "Eu faço! eu faço!"...só para acenderem...
-Consumir caldos Knorr não dá ganza mas pode levar à toxicodependência!
-Estremonio não é um detergente nem tem nada a ver com mães estremosas.
-Roubar o carro ao pai para andar com os amigos pode ser uma bronca do carago.
-Havia um gajo que continuava a ver televisão mesmo quando só estava a dar grão?...Que Tola..
-Um conjunto de amigos pode esvaziar a garrafeira de anos de uma vivenda, numa noite ou duas?
-Um gajo pode ser tão speed que bebe cervejas aos pares, faz brindes e ainda fuma um cigarro?
-Uma tosta mista pode ser com manteiga mas também pode não ter manteiga?
-SpeedBall não tem nada a ver com bolas rápidas?
-Fazer uma station é uma expressão manhosa?
Por último...
Sabiam que...
-Caroço pode não ser o da azeitona e um gajo a coçar-se muito é um gajo suspeito?

Extraído de: Curiosidades do Readers Digest 1980 e Revista Maria

08 abril 2009

Um dia na Praia

Uma vez fomos para S. Pedro de Moel...uma vez não, fomos lá muitas vezes...mas daquela vez que fomos p'ra lá, p'rós lados do cabolitê, não se sabe porquê, tivemos uma ideia genial...note-se que já não me lembro bem quem eramos, mas que eramos nós eramos...não sei quantos...Bom...fomos para a areia e como gostávamos de 'tar àvontade para podermos arar bem o terreno...com charruas claro...andámos..andámos...andámos...e lá abancámos bem longe do pessoal do garrafão. Assunto puxa assunto, mortalhas a voar e cuspe à mistura (cuspo! cuspo! diz a professora!...), lá iamos fazendo a nossa agricultura. Já erámos ecológicos, sempre fomos, digo, vegetarianos. Mas como erámos m'to à frente para a altura, lembramo-nos duma cenória bem potente! Assim tipo estrangeiros. Ou ingleses vá. E se depressa pensámos, mais rápido o fizemos. "Butes fazer nudismo qé o qe 'tá a dar!" E zás! Tudo nu a sentir a brisa do mar e a areia nas abébias! Eis que vindo da escarpa atrás de nós, ouvimos impropérios e outras obscenidades que tal, que mais não eram que os habitantes locais com vontade de pendurar pelo pescoço os depravados que por ali apareceram. Valentes como erámos e com a escarpa como defesa, rápidamente respondemos de forma alegre e despreocupada, que podiam ir levar na peida com a família toda! E continuámos descansadamente a comungar com a mãe natureza as nossas salsichas frescas....Azar do carulho, os habitantes locais eram hábeis a descer escarpas...E assim acabou a nossa aventura de nudistas, a vestir rápidamente os calçõezitos de bimbos, de sorriso amarelo e com forquilhas apontadas, enquanto os tais locais nos explicavam que quem levava na peida bem rápido erámos nós se não nos puséssemos a deslizar de fininho dali p'ra fora....

Ganda moca!

07 abril 2009

A Tabaqueira


Lembro-me de um dia em que estávamos em casa do Z, na parte de baixo (não era na sala do jimi agarrado à árvore...), tudo abancado na sala tipo avontadinha e já com ar de quem tinha estado a soldar a estrogénio a noite toda. Já não me lembro quem estava mas eramos muitos e sempre os mesmos... Estávamos a digerir como os crocodilos... colados nos sofás a olhar para nenhures... Havia naquela altura um indígena qualquer, já não me lembro o nome (fdx tenho o disco cheio pah e não tenho disco externo...), que era tipo cola, daquelas que colam tudo e nunca descolam... Bom, o gajo tinha cola e já tinha GPS na altura, porque descobria sempre onde estávamos... aparecia sempre com aquele ar de escroque e cuspia uma frase do tipo "tão ninguém faz uma?..." Potente aquele gajo, agora deve ser ou político ou chulo, das duas três! Bom continuando... nós não tinhamos a medida toda e às vezes a tampa da moleirinha destapava-se e começávamos a ter um brilhozinho nos olhos... Ok! alguém disse, não sei se foi o gajo do perfume, acho que sim... e começou a surgir "uma" mesmo à maneira com 100% de produto da tabaqueira! Perguntava o gajo: "e é bom? ah? pelo vosso aspecto parece que sim..." e alguém dizia... "Bom? É supremo men..." E pimba! fecha-se a charrua, fogo à peça e começa a rodar... Vai de roda bimbo, chupa aí! E o gajo chupou pa carago... potente... dava gosto ver aquela espécie de madiê pendurado na coisa... E no fim lá dizia o gajo: "Elááá qu'esta merda bate mesmo! Bom produto men...muita bom..." E nós riamo-nos baixinho a coçar-nos p'a dentro....

05 abril 2009

Musica...

O que mais gosto quando o pessoal se encontra, é a naturalidade com que falamos uns com os outros, como se ontem estivéssemos estado juntos. Boa! Ganda frase djô! Quem lê esta cena até parece que nos encontramos todos os meses... mas enfim... As noites que passámos a curtir, as conversas que tivemos, as músicas q ouvimos como diz o M, criaram uma espécie de código de intimidade que faz com que tudo pareça fácil. É verdade que a música era uma grande parte da nossa vida, como se de uma religião se tratasse. Obcecados? Extremistas? Naaaa..... Que ideia... Eramos transportados a locais longínquos e vivíamos grandes concertos, sem sequer sairmos dos covis que habitávamos. Loucura barata... E o que curtíamos era mesmo a música, aquele solo, aquela paragem, o pormenor do que o gajo dizia, a entrada, a batida da bateria, a malha do baixo, .... às vezes repetíamos a mesma parte vezes sem fim, só para percebermos bem aquele pequeno pormenor. Paranoias do caneco... Foi uma cena muito estranha a forma como criámos um grupo com interesses comuns, entre eles a música e a forma como a dissecávamos. Dissecávamos a música, as personalidades, os gostos, falávamos das coisas mais transcendentes...mas sempre com música. Podia-nos ter dado para pior... ser políticos por exemplo... ou bimbos... O importante nas grandes noites era levar aquela cassete, que meticulosamente tínhamos gravado para a devorarmos no carro de alguém, música a música, curtindo o som. A cassete!!! E se íamos fazer uma viagem, óbvio que tinhamos que gravar uma cassete para levar. E havia sempre as situações de "não ponhas ainda essa, pera aí...ouve primeiro esta e curte lá a cena que o gajo faz com a guitarra a meio da música".. A da cassete era demais! Djô! Guardada no bolso, às vezes quase que lutávamos uns com os outros para ver quem punha a cassete! Eu! Eu! Parece incrível hoje em dia, mas naquele tempo também era obra arranjar o último disco de uma banda. "Já saiu o último da Nina Hagen! Não saiu nada meu! Saiu pois, diz que já está na Discal, bora lá ver?... Diz o M que não tínhamos guito... ui ui... não tínhamos mesmo... quando fui a primeira vez a Torremolinos acho que levava o que hoje se diz serem 70 euros... e já era bué... É verdade que sempre gostei de malhas mais pesadas, mas contrariamente ao que me diziam na altura (os cotas claro...) continuo a sentir a adrenalina a percorrer-me o corpo com uma guitarrada! Nada como uma boa malha de guitarra! E como se impôe, ainda hoje as guitarras andam cá por casa...os amplificadores, os fios embrulhados no chão, os pedais... E já passei o vício para o junior...vício da guitarra e vício das malhas... Eu mais hard, ele mais metaleiro... Mas como não me alimento só de martelos e bigornas, curto outras ondas desde o velhinho jazz ao psychadelic trance, a música que os putos dizem que é dos pastilhados (se calhar por isso é que gosto...) e desde que andei pelas arábias (e não só), não dispenso um som árabe partilhado com um shisha bem aromático... Curto tudo o que me acelera a máquina e me faz disparar a adrenalina... The Wall continua o meu albúm de (p)referência... riff's de guitarra são o que me alimenta a alma... E lá estava eu nos Metallica no ano passado e já de bilhetinho no bolso para os ACDC este ano... lol

04 abril 2009

1º Jantar dos Bloggers

Nada melhor do que juntar o ppl a jantar na última mesa, com vista para o rio. Como o rio que é sempre o mesmo mas sempre diferente, lá estávamos nós. A passar no tempo, diferentes, mas sempre iguais. Com manteiga ou sem manteiga. A juntar pedaços de mentes, conjugando o puzzle, qual reunião de um clã que perdura no tempo. Com o cheiro das ruas e as noites nos olhos.

Fixe meu!

03 abril 2009

Livro Branco

12 de Dezembro de 1982

Existência sem existir, a respirar como se não houvesse outra maneira, olhos vítreos reflectindo o vento. À minha volta apenas areia, sempre areia, um deserto seco, mentes ausentes, criança a chorar, velho milenar. Olho-me nos olhos e sinto o vazio, o nada, o interior de uma casa queimada, as serpentes rastejando por baixo das escadas... enroladas no passado, impedem-me de o tocar, mas posso ver nos seus movimentos, um movimento em vão, uma ave precipitando-se no espaço... caminhando para a morte, sorvendo o último momento de sofrimento... depois, a calma, o silêncio... vontade de viver.

Julho 1983

N'a pas de babouge!
República II
2º Processo
Alínea Bro

Setembro 1984

Om! ma.m pad.me Hum!
Salve oh Ser Íntimo e
Superior no Homem!


1980 e tal

Shoot! Hello Suckers! This is the big thing, the dark side of the moon. Slavery!
Pleasure! Who wants to jump the secret vain?
Behind there's nothing to be afraid, nothing to fight with, just warm, madness and lemons, knifes and spoons, flashes!
The last word...

02 abril 2009

Porque recordar é viver....

Alguns livros da nossa infância, bem diferentes dos actuais...





31 março 2009

Notas Soltas

The Wall! Saiu hoje meu! Digerido nota a nota naquela noite de directa antes de ir para Torremolinos...
Mete aí! Mete aí que é fixe! A tocar toda a viagem no leitor de cassetes da camineta que nos teletransportou para o Zodíaco.
Atira aí! Atira agora! Garrafa de coca-cola cheia a rebentar depois de cair 5 andares no Piscis às tantas da matina!
Foda-se! Perna partida de camone depois de saltar da janela ao ouvir o estrondo de uma bomba no Piscis...de matina...
Mete-lhe bifes debaixo das almofadas! Assalto ao apartamento do amigo empresário das festas de finalistas...
Foda-se! Banhada de Kif no mercado de Algeciras!
Cabide! arrancado à dentada na casa de banho da disco...
Bairro da caixa! Directa antes de ir para Bebe e Dorme...
Descaramento! Fazer esperar o pessoal todo na "caminete" a chegarmos da casa do Z das baterias!
Putedo! Pôr gajos inocentes da turma de química a chupar cloreto d'etilo...
Meia branca! O cromo do Jana a arrastar-se atrás de nós!
Banhada! Bué delas nos supermercados 24 horas em Benalmadena!
Cornos partidos! Gajos foleiros de Torres Vedras armados em motoqueiros...
Puta cagaço! atravessar a fronteira de Ceuta com chá no bolso!
Zé Libanho! Fumador passivo e ganda javardeira com o gajo a comer em cima dos pratos...
Monumento! Carro alugado estacionado nas escadas da entrada do Piscis...
No passaporté! Espanhol armado em boi a querer que o pessoal pagasse na sei o quê!
Crashhh! Candeeiro das escadas esmerdado depois de um murro bem aplicado!
Elevador! Parado depois de lhe desapertarem os cabos...
Persona non grata! Mensagem de boas vindas ao pessoal tuga em Espanha!
Espanhóis! Gajos bacanos que curtem ser gozados pa carago...
Pessoal de Tomar! Estrondo nos anos 80...
Chiba! Estado normal...
Ressaca! Todos os dias...
Charro! Ah?! Hic!..
Regresso a Tomar! Puta seca...já???
Baile de Finalistas! Butes a Torremolinos outra vez?

30 março 2009

All Garve

Carro do estilo "amaricano", assim com os bancos corridos à frente, verde metálico bem a estalar e com um motor daqueles que em vez de consumir gasolina, consumia estações de serviço...carpélio branco já não me lembro bem onde, e um roncar que até arrepiava. Não me perguntem a marca porque era em amaricano. Era a última aquisição do amigo dos aviões telecomandados. E porque gajo dos telecomandados nunca é peça única, tínhamos outro amigo dos telecomandados, o Z do joystick. O Z era um bom amigo que tinha a particularidade de que quando se começava a rir, não parava e contagiava o burgo todo. Agora diz que lava a cabeça com farinha, mas já à muito tempo que não o vejo. E lá vamos os três para a praia mais perto, com água quente e gajas! Algarve. O actual All Garve para os mais novos que não se lembram. Viagem de sonho, embora com uma fumarada constante dentro do carro o tempo todo! E o raio do carro não consumia só muita gasolina, era um derreter de dinheiro em carteiras de fósforo e papel de arroz. Mas lá fomos com a música a estalar em grande estilo... Chegámos a Armação de Pêra noite dentro e discussão puxa discussão, um dizia que era já ali, outro que era em frente e o outro não dizia nada porque nunca tinha lá ido. Mas a placa estava lá e a avenida também. De repente ouve-se um estrondo potente: Crashhhhhhhhhhhhh!!! E lá estavámos nós em cima de um passeio bem largo, o carro amaricano todinho em cima dele e nós a dizermos entre risos e gargalhadas "ai o carago mas não viste a estrada aqui pah? Como é que viemos parar em cima do passeio? O carro deve tar todo abrasado men!" Lá saímos, olhámos para o maquinão a pensar que já não se mexia dali, mas não. Aquela locomotiva nem um arranhão tinha, impecável, nem o carpélio tinha saído do sítio...
-Esta merda gasta bem mas é um carro potente!
-Podes crer!
-Podes crer!
E lá andámos as nossas férias todas com aquele carrão sempre impec. Só tinha o defeito do fumo constante lá dentro. Ah... e depois também começou a consumir muito goronsan.
O carro era um espectáculo!
O Z que era o único que ainda não acreditava naquela máquina, tentou uma vez pô-lo à prova e sentou-se no capot de calções enquanto o desafiava e dizia:
-Trava, trava que eu aguento-me...
Mas mais uma vez o carro amaricano não falhou e ao estilo dos cavalos indomáveis, emitiu um hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! alucinante e travou a fundo! O Z também não se ficou e lá foi à procura de bocados de pele no asfalto... Era só cortire! E agora com mercuriocromo!
Grandes férias, grandes amigos e grande carro aquele...
Claro que também havia gajas!
Algumas por lá, também a passar férias...
Mas nunca as vimos...
Deviam ir à praia de dia...

Desporto no Liceu

Num belo dia, estava a falar com um familiar que tinha no liceu, não interessa quem, todos sabem quem era. Tinha ar de meio tótó mas o que certo é que acabou por tirar um curso daqueles que têm canudo, ordem e bisturi. Um curso potente. Nisto avizinha-se um amigo dele, esse sim, tótó completo, com quem às vezes gozávamos sem dó. Ele era grande, mas não era grande coisa. Bronco, arrogante e com aquele ar de sarna esfarricada que incomoda e nos faz coçar sem vontade de parar. Como sempre, já não descolou e começou a ser melga, de tal forma que me fez saltar a tampa da moleirinha. Puxei a culatra atrás, bem puxada como fazia nas fisgas quando era puto e zás! Pimba que é oferecida! Apliquei-lhe tal estampilha fiscal, que o energúmeno logo ali mergulhou no cimento daqueles passadiços manhosos que o liceu tinha. Ora não é que hoje, vinte e tal anos depois, cheguei à conclusão de que afinal eu naquela altura, já praticava um desporto de que só agora se fala? E foi a ver televisão que concluí isto tudo, pasme-se! Eu era já um praticante de bullying e ninguém me disse nada! Vou já ligar aos meus amigos para ver se ainda temos direito a reclamar alguma coisa, tipo podermos patentear o desporto, ou assim. Ainda não estou em mim. Acreditem. Bullying...ganda nome pah...

Pera, tão-me aqui a dizer que isto não é bullying porque não fazia uma pressão continuada...
Ah.....

29 março 2009

Lapsus

Hoje decidi que não iria falar apenas da juventude, dos tempos de liceu e do nosso grupo naquele tempo. Também... mas não só.
Porquê falar apenas do que se passou na juventude, se afinal o que se passou a seguir também é importante? Nem o termo será juventude, porque em muitas cenas continuo o mesmo. E muitos dos que deambulavam comigo na altura também. Quando eramos mais novos, será mais correcto... Falarei do que me apetecer, misturando os tempos da mesma forma que a vida se mistura e se desdobra em páginas já escritas. Afinal o que me fascina é isso mesmo, a forma mutante com que caminhamos nesta terra onde tudo existe desde sempre, mas que julgamos estar sempre a descobrir. Quantas vezes me deparei com situações e pessoas e pensei, isto faz-me lembrar aquilo ou aquele. Quantas vezes estive em locais, que sonhei existirem, quando ainda não sabia que existiam. E não só. Também olho para trás e muitas vezes penso como é incrível a diferença entre o que sonhávamos e o que viemos a fazer. Outras vezes fico maluco com a naturalidade com que se podia imaginar que algo aconteceria de determinada forma. Mas chego sempre à mesma conclusão: ninguém muda. Continuamos todos iguais. Podemos ter outro exterior, apresentarmo-nos de outra forma, sermos ricos quando erámos pobres ou corajosos quando erámos mariconços. Mas quando a situação é de decisão ou de tensão, o Eu emerge. E as histórias continuam. Nada mudou, apenas nos adaptámos.
Ah pois é...e quando nos dizem que o mundo está perdido, nós abanamos a cabeça e dizemos "ui ui está e muito"... e pensamos "não tá nada pah, tu é que és o mesmo cromo que eras quando andávamos no liceu...tá do melhor!"
E quando temos de vestir um fato e gravata e nos dizem que estamos giros, pensamos sempre "porra pensava que tava com ar de padrinho, afinal tou com ar de tótó...".
Nada muda... Disfarçamos é melhor...

Tarefas domésticas


Podem pensar que naquele tempo era só curtir, que eramos imaturos, que não estávamos preparados para a vida nem nos preocupáva-mos com isso. Engano vosso! Estávamos muito atentos ao futuro e já pensávamos que um dia teríamos de viver a nossa vida fora do ninho, ter o nosso próprio covil, a nossa loba alfa e as nossas crias. Como não tínhamos reuniões da tupperware, tínhamos reuniões para treinar algumas tarefas domésticas que um dia poderiam servir para ajudar a nossa cara metade. Éramos muito preocupados. Desde as reuniões em casa do M das tolas em que aprendíamos a preparar as mais diversas bebidas e desenvolvíamos capacidades de escanção. Ou as sessões que realizámos para aprender a trabalhar com as máquinas de 1, 2, 3 incansáveis a rodar as suas lâminas num bzzzzzzzzzz que transformava tudo em pó. Até, e porque não dizê-lo, aprender a manejar o ferro de passar , treinando a engomar colarinhos imaginários de celofane muito bem compactados, autênticas barrinhas de chocolate delicioso, do tipo fada do lar. Por último até chegávamos ao pormenor de aprender o manejo da lâmina em pequenos cortes verticais, com a delicadeza de um artista que trabalha em cristais delicados. Pensávamos no corte dos alhos claro, da cenoura e das cebolinhas. Não haja dúvida que não andávamos a brincar. Tínhamos mesmo vontade de aprender e virmos a ser maridos exemplares. Mais tarde falarei também dos treinos de primeiros socorros... Muito treinávamos nós men. Amén.

27 março 2009

Uma história com mais de 20 anos (já prescreveu...)


Certo dia, soubemos que ia haver um teste no dia seguinte, já nem sei de quê. Mas que raio de ideia era aquela de haver um teste assim daquela maneira, sem avisar um gajo? Ah a prof disse na última aula... Mas já não iamos à aula dela fazia um tempo, como é que podíamos saber?! Não era que não gostássemos da aula, mas calhava sempre à hora em que já tinhamos coisas combinadas. Horários mal feitos via-se logo. Ganda cena que estava ali armada, um teste e ainda por cima nem fazíamos ideia do que se tratava. Já estávamos desesperados e chegamos até a pensar em ir estudar nessa noite. Mas estudar o quê? Nos cadernos enrolados não havia registos da misteriosa matéria que a prof tinha dado. Resolvemos pensar no assunto nessa noite e de manhã após aturada reunião, decidimos o que fazer...
-Ligamos para o Conselho Directivo e dizemos que há uma bomba no liceu!
-Boa ideia djô, já nem há aulas nem o caneco tas a ver?
-Podes crer.
-Ya, podes crer.
Trimmm...trimmmm..
Sim?..
-Tou...bom dia...é do Conselho Directivo?
-É! Qual é o assunto?
-Bom..errr..queríamos comunicar que está uma bomba no liceu...
-Ai sim? Está bem, obrigado pela informação, bom dia.
Pu...pu..pu..
-Fdx djô viste esta merda? A gaja desligou!
-Desligou? Mas desligou como?
-Desligou carago! Disse obrigadinho pela informação pah, acho que era aquela gaja que tem uma cena na boca..
-Xiiiiii essa gaja? Pois a gaja é lixada meu...podes crer...
-Ya men agora temos mesmo que pôr uma bomba para a gaja se borrar toda!
-Podes crer...mas como arranjamos uma bomba? Tens alguma?
-Não e tu? Não tens nada lá em casa? ou o teu cota ou isso?
-Não....ganda cena....muita má esta cena....agora não temos bomba..e a gaja não acreditou...
-Pois não...mas olha lá...só se fossemos comprar um morteiro aquela loja dos foguetes tas a ver?
-Podes crer! Um não, dois ou três! Mas depois como é que rebentamos aquela merda?
-Epah compramos rastilho também deve haver ou carago...butes lá ver...
-Butes!
E lá fomos a pensar o que é que íamos dizer ao gajo dos foguetes...mas a coisa foi fácil. Entrámos e pedimos 3 morteiros e o gajo na boa, pimba, ó agarra aí! E rastilho? quantos metros? Ganda pergunta...epah um bocado, pode ser isso que tem aí...
E lá fomos os dois até casa do gajo que os cotas não tavam lá...
Tiramos as cenas que os foguetes têm para subir e como estávamos numa de ver como é que aquilo funcionava, pusemo-los em pé no chão e pegamos fogo...
fshhhhhhhhhhhhhhhhh aquela cena sobe numa broa e bate no beirado da casa, caem dois ou três ninhos de andorinha, era só passaritos no chão e nós muito atoa...
-xiiiiiiiii abrasámos os pássaros tadinhos...
O gajo tinha dois cães no jardim, bom, paparam os pássaros tipo num fogacho...slurp..slurp...
-xiiiiiiiiiii os cães comeram os pássaros ganda cena....
-Podes crer...ganda cena...butes juntar os morteiros e por o rastilho?
-Butes.
E lá estava, uma bomba de morteiros, fita-cola e um rastilho verde, bem bimbalhão.
Fomos para o liceu, onde se pôe, onde não se pôe,... pomos numa casa de banho da sala de convívio e quando sairmos fechamos a porta para não apanhar ninguém...
-Boa...
Foi lá um primeiro mas como não sabíamos bem o tempo que o rastilho demorava, pôs um bocado de papel higiénico agarrado, pegou-lhe fogo e saíu...
Viemos cá para fora, para não dar bandeira...
-Ia cum carago agora é que é...
-Podes crer...
...
-Quanto tempo já passou? aquela cena não rebenta ou quê?!
-Sei lá...se calhar apagou-se.........hã?
-Porra vou lá ver, salto por cima da porta....
-Ya...
Quando se chegou lá, estava apagado....o papel higiénico não era bom nas bombas...concluímos logo essa cena...vai de acender no rastilho e logo se vê...sair rápido....
-Tão já está?
-Já, agora deve rebentar...acho eu...
BUUUUMMMMMMMMMMMMMM!!!!
-xiiiiiiiiiii ganda estalo cum caneco!
-Podes crer, parecia uma bomba!
-Pois parecia...igualzinho!
Bom....paranóia no liceu todo...mas que foi isto? o que é que rebentou? era uma bomba? diz que sim... era não...diz que era um petardo....ia um petardo caneco... que estrondo... o que é um petardo? Diz que é como uma bomba...ah....uma bomba...mas não era um petardo?...
E nós naquela...
-tão mas isto não fecha? Estes gajos são malucos ou quê? tá quase na hora do teste...
E pimba...não é que não fechou mesmo? Só fechou a sala de convívio!
Chamaram a bófia, investiga e tal, mas o liceu é que fechar, nada...abertinho como uma lata de sardinhas, todo escancarado...
No dia seguinte chegámos ao liceu de manha, estava fechado! Fechado!
-Fechado? Mas fechado porquê?!
-Epah diz que ligaram para aqui a dizer que havia uma bomba e como houve aquilo ontem, fecharam...
-Ia cum carago! Tão hoje é que fecha?! fdx nem dá para acreditar cum caneco...
-Podes crer...
-Podes crer mesmo djô..
-Ya...
-Porra...podes crer...ganda cena...
-Tão butes, vamos circular...
-Ya butes...

Lá está, um atentado nunca compensa, que o diga o Bin que agora tem de andar sempre enfiado em grutas e a comer enlatados...se bem que os enlatados não são de porco... podia ser pior... assim sempre mama umas sardinhas... ou umas lulas recheadas... é pouco bom é...

26 março 2009

Ruídos na noite

Naquele tempo o nosso isqueiro chamava-se carteira de fósforos, os cigarros "finos" eram os definitivos e os únicos sítios que tinhamos para estar descansados a conversar sobre as razões da vida, eram o jardim junto ao rio, o mouchão e o açude. Raramente eramos interrompidos, a não ser pela passagem da Nivea ou de alguma ratazana da noite. Algumas já as conhecíamos só pelo barulho das patas a arranhar a terra molhada... Tinhamos dificuldade em ir para casa, tantos eram os temas que nos povoavam a mente, sempre associados à higiene dos sabonetes que meticulosamente esquartejávamos, qual talhante experiente na solidão de um talho. Conhecíamos todas as sombras e odores da noite, que nos acompanhavam enquanto conversávamos sentados nas mesas de pedra a fumar cigarros que tirávamos de maços sem brilho, acesos pelas carteiras de fósforo reduzidas à lixa... escorregavam as cabeças dos fósforos.. fshhhhhhhhh... Noite após noite...
Mas uma noite a seguir ao fshhhhhhhhh seguiu-se um puihh! ...... puihh!.... silêncio. Puihh! puihh! A nivea não era que não apitavam, o vento não fazia puihh e dos fósforos não era. Os sabonetes também não faziam puuihs. Mas o puihh!... puihh!... repetia-se, ecoando na noite.
Afinal havia um animal terrífico que se escondia na penumbra, algo até hoje inexplicável mas que sentimos durante muitas noites mais... Um de nós, mais culto e atento esclareceu os demais: É o pássaro da ganza friaaa....
Ah carago, pensamos todos... Afinal aqueles gajos que diziam que viam e ouviam ovnis, não percebiam nada da cena... puihh!...puihh!... O pássaro da ganza fria... cais ovnis cais carago...
E lá ficou o gajo pousado nas árvores do jardim muito tempo, mas só fazia barulho à noite...

25 março 2009

O Liceu

Naquele tempo o nosso liceu tinha contínuos, portão aberto e sala de convívio. Nada de auxiliares de acção educativa, cartões multifunções ou proibições da treta. Fumava-se em todo o lado e quem não fumava era careta. Fixe era um gajo baldar-se às aulas e mandar umas bocarras potentes ao stor, de maneira a que ele ficasse bem abrasado. E quem era pintas chegava atrasado, ficava na última fila e ia pa rua passado 5 minutos. Tão vieste pa rua? ya ganda seca men o stor é um cromo. Tudo na base da amizade. Topo de gama era ir ao Conselho Directivo fazer de tótó, com a mão no bolso a fazer um pirete ao gajo das barbas! E os livros que tinhamos naquela altura? Um caderno dobrado ou enrolado cheio de bonecos satíricos e o nome das gajas que curtíamos. Nada de pastas e dossiers abichanados. Mas isto não é saudosismo pah. É que é mesmo assim como dizia o Zé das Bananas. Queres ver um indivíduo a ir para a rua? E o pessoal até batia palmas com a lingua no céu da boca! Butes mais um pa rua! Pimba! Ainda me lembro do E a dizer "mas pipisco xotore" e o prof de economia a bater mal...E a prof de química a vomitar na aula e o pessoal a sonhar em vê-la sair de cadeira de rodas com o tubo do soro encavado num braço? Ganda Liceu aquele. A única vez que o zé men pediu ao C (outro C que era parente de cabras) para apresentar o cartão à entrada, o gajo quando meteu a mão no bolso de trás, estatelou-se de costas com ar esgazeado e emitiu um grunhido tipo pocarapah!!! E o nosso amigo C (outro C mas este gostava de cavalos com barulho de fantic) ria-se pa carago, com aquele ar de puto que levou para o outro lado. E aquela da turma do M que distribuia beijos na boca a pedido do pessoal? E nunca apanhámos nada, só ficavamos com vontade de a pôr nas mesas de ping-pong a fazer de rede...E do N lembram-se? O gajo com aqueles anéis maleáveis no dedo a rir-se atrás do bigodinho...Líbano meus amigos, Líbano...Grande escola aquela...escola da vida e das vidas, nada abichanada pah...Agora "parou-se-me" o cérebro, mais tarde contarei mais...vou beber um cházinho que já tou muita cota...e não é do Diabo :)

24 março 2009

Saídas Cruas

Não tinhamos telemóveis por isso saía de casa e tocava a campainha do amigo M do prédio do lado. Como é qué? butes ao Diogo? Pah ainda não jantei já lá vou ter. Ok... Seguia a rua, mordia as garinas e olhava para ver se as sapatilhas tavam fixes. Um salto e batia na janela do C..demorava sempre bué mas lá aparecia. Butes ao Diogo? Pah entra aí ouve uma cena fixe que tenho aqui. ok.. E lá ficávamos a ouvir música uma beca. Fazes a mistura? Ya.. É fixe esta música não é? Ya.. Butes lá ou não? Ya mas faz outra aí men! Ya podes crer é pa loucura..Toc toc..olha é o M...entra aí men butes partir connosco. Ya na boa. Puta moca men butes ao Diogo beber umas super bock e morder as garinas. Tão não. E lá iamos rua abaixo. Pera aí men deixa-me comprar uns avulso no aldrabão pah! fdx despacha-te lá pah sempre a mesma cena. Butes. E lá chegávamos ao Diogo. Ya cum carago já tas muita nebulado men. Podes crer fdx tens visadron? Não. Ganda bandeira men. Vamos ao pim pim? Ya talvez. hmmmm uma super bock bebes? Ya. Porra pah não se faz nada aqui. Butes partir uma no mouchão? Ya.

Nomes

Os nomes não os posso dizer, mas para quem viveu as noites no mouchão, comeu os pipis no Diogo ou levou com o ZéMen no Liceu, entenderá fácilmente do que falo. Desde pistoleiros do Oeste, parentes do Calígula, defuntos com picos, condutores de carochas, entregadores de cartas, homens de tolas, pastas medicinais, especialistas em gráficas, todos tínhamos nomes de guerra, ou melhor, nomes da noite. Nomes por categorias conforme a dureza dos grupos. Havia desde os fazedores de stations até aos simples colas e penduras dos grupos da noite. O nosso grupo gostávamos de dizer que era a Velha Guarda. Guarda não sei de quê, porque não guardávamos nada. Velha só se fosse porque havia putos mais novos que nós, que éramos putos...

Arranque do blog


Em conversa com um amigo meu, homem de grandes habilidades no manejo de aviões telecomandados e fã fervoroso do grande Azzaro, surgiu-me a ideia manhosa de fazer um blog sobre a minha juventude atribulada e a de todos quantos comigo a partilharam. A ideia surgiu a propósito de um outro blog, criado por um outro amigo, o que me fez pensar em dedicar algum tempo a relembrar dias de loucura na cidade dos Templários. Perdoem-me possíveis falhas de memória ou lembranças esfumadas no metal dos cachimbos de prata. Perdoem-me se me esquecer de alguém ou se não contar tudo. Perdoem-me se já não tenho todos os sectores em funcionamento. E que me perdoe o zélibanho por o termos deixado esquecido em Torremolinos.