A minha primeira viagem de "buzinesse" extra fronteiras ocorreu em 98 e aí apercebi-me pela primeira vez (seriam muitas), do quanto foi importante a minha (nossa) passagem pelas catacumbas da vida. O mestrado na escola da rua punha-me na posição de observador em vez de alvo. O chamado desvia-te, ou escolhe outro! O nosso 1º contacto seria em Dakar, um tal de Camarat, que nunca tínhamos visto nem mais gordo nem mais bronzeado. Air Afrique, aeroporto 1 da manhã, lá estava o dito, de papel de cartão na mão. Viagem para o hotel e tal, mas antes um flash de ácido: um polícia de mota no meio de um cruzamento controla o trânsito. Não fossem os óculos escuros, seria um canga de qualquer metrópole europeia... Malas no hotel, vamos ao cônsul obter um visto para seguir para a Guiné Conakri. Nome do cônsul: Camarat. Boa, assim já não nos enganamos no nome, deve ser de família... Esperamos em banquinhos de madeira, rádio a bombar, estrelas no céu e calor qb. Ao lado as 6 mulheres do cônsul lavam a louça do jantar. Num buraco no chão claro, com água claro (não disse clara...). Back to the hotel, dormir com a carteira debaixo da cabeça que a janela não fechava. Manhã radiosa, Air Afrique, escala na Gâmbia para arranjar um motor manhoso. Na boa, 2 ou 3 horas, mas almoçámos um belo copo de água. Come-se bem na Gâmbia. Motor enxertado, porta fechada para manter o cheirinho e cá vamos nós...Chegada a Conakri, uma bela pista ladeada de floresta, debaixo dos coqueiros alguns mig 21, já com raízes a saírem do trem. Calor. Onde está o gajo? Deve ser aquele (era o único com ar de esperar europeus amestrados), é mesmo pah! Nome? Camarat. Fonix men, dizia eu, já viste que se somos roubados ó carago, vamos à esquadra dizer que foi um tal Camarat e na volta este pessoal daqui é todo Camarat? Pergunta o gajo: trouxeram aspirinas? e sapatos? Sonhei mostrar-lhe o dedo médio esticado, mas pensei melhor quando ele saiu com as nossas malas e os passaportes. Ficava a dúvida de como explicaríamos ao chefe da esquadra quem era este Camarat se ele nos fanasse os passaportes. Mas não. Gajo impec, ofereceu-se logo para lhe pagarmos uns frangos de churrasco e umas bjecas. Só não estávamos muito avontade na tasca lá do sítio, porque estávamos de ganga e camisinha e o gajo de fato branco e sapato à Louis Armstrong. Fonix, e se tava calor... vai lá vai que até a Barrack Obhama! Só saímos depois da cerveja fresca acabar e lá fomos no seu mercedes com 300 mil kms que não parava de gabar...bonne voiture non? E nós dizíamos, boa? espectacular men, ganda carrão, é feito cá? Não, é de importação, vem da Europa...ahhhhhhh.... fonix só podia... Carro importado, que não é qualquer carro que serve ao Camarat... depois conto mais prometo...
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