Carro do estilo "amaricano", assim com os bancos corridos à frente, verde metálico bem a estalar e com um motor daqueles que em vez de consumir gasolina, consumia estações de serviço...carpélio branco já não me lembro bem onde, e um roncar que até arrepiava. Não me perguntem a marca porque era em amaricano. Era a última aquisição do amigo dos aviões telecomandados. E porque gajo dos telecomandados nunca é peça única, tínhamos outro amigo dos telecomandados, o Z do joystick. O Z era um bom amigo que tinha a particularidade de que quando se começava a rir, não parava e contagiava o burgo todo. Agora diz que lava a cabeça com farinha, mas já à muito tempo que não o vejo. E lá vamos os três para a praia mais perto, com água quente e gajas! Algarve. O actual All Garve para os mais novos que não se lembram. Viagem de sonho, embora com uma fumarada constante dentro do carro o tempo todo! E o raio do carro não consumia só muita gasolina, era um derreter de dinheiro em carteiras de fósforo e papel de arroz. Mas lá fomos com a música a estalar em grande estilo... Chegámos a Armação de Pêra noite dentro e discussão puxa discussão, um dizia que era já ali, outro que era em frente e o outro não dizia nada porque nunca tinha lá ido. Mas a placa estava lá e a avenida também. De repente ouve-se um estrondo potente: Crashhhhhhhhhhhhh!!! E lá estavámos nós em cima de um passeio bem largo, o carro amaricano todinho em cima dele e nós a dizermos entre risos e gargalhadas "ai o carago mas não viste a estrada aqui pah? Como é que viemos parar em cima do passeio? O carro deve tar todo abrasado men!" Lá saímos, olhámos para o maquinão a pensar que já não se mexia dali, mas não. Aquela locomotiva nem um arranhão tinha, impecável, nem o carpélio tinha saído do sítio...
-Esta merda gasta bem mas é um carro potente!
-Podes crer!
-Podes crer!
E lá andámos as nossas férias todas com aquele carrão sempre impec. Só tinha o defeito do fumo constante lá dentro. Ah... e depois também começou a consumir muito goronsan.
O carro era um espectáculo!
O Z que era o único que ainda não acreditava naquela máquina, tentou uma vez pô-lo à prova e sentou-se no capot de calções enquanto o desafiava e dizia:
-Trava, trava que eu aguento-me...
Mas mais uma vez o carro amaricano não falhou e ao estilo dos cavalos indomáveis, emitiu um hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! alucinante e travou a fundo! O Z também não se ficou e lá foi à procura de bocados de pele no asfalto... Era só cortire! E agora com mercuriocromo!
Grandes férias, grandes amigos e grande carro aquele...
Claro que também havia gajas!
Algumas por lá, também a passar férias...
Mas nunca as vimos...
Deviam ir à praia de dia...
Herança suada e merecida,o nosso amigo sapo,hulk,ou qualquer outro nome de circunstância que servisse para descrever aquele verde a estalar (do sol),foi um companheiro de aventuras,companhom de rute como diria o miteran,que nunca nos deixou mal,apesar dos elevados níveis de toxicidade nele depositados.
ResponderEliminarEmbora com passaporte nipónico, comportava-se ao bom estilo amaricano,quero dizer,mais ao estilo sul amaricano como o xupa cabras,pois como aludiste,o gajo xupava p'ra caraças,e nós por simpatia quiça osmose,tambem.
Antes do raper Pino (companheiro do lino)ter descoberto o All garve, já nós o tinhamos feito,não sem antes termos cumprido o nosso dever cívico,que nos valeu uma directa em casa do Z,com todo o tipo de actividade lúdica até à tentativa de homícidio.
Sempre estivemos um passo à frente,nem que não fosse para dar ao slide de qualquer coisa ou para chegar primeiro que qualquer um (no que tocava a rodar,convinha estar sempre antes do mertolini,verdadeiro aspirador de fundo qual nilfisk).As nossas elaboradas conversas terminavam invariavelmente com um rotundo vai pró... o que revelava uma vez mais o nosso adiantado estado mental pois em conversas eruditas conseguiamos utilizar linguagem cuidada,familiar,técnica,popular,vernácula.
O que hoje é uma viagem sem história de 2 horas e meia,faziamo-la em no mínimo 5horas com direito a aperitivos,almoço e digestivos;o serviço de catering embora simpático,abusava dos aperitivos e dos digestivos.Claro que hoje um serviço destes é impensável porque as normas obrigam a uma formação continuada das empresas e depois á a ASAE e tudo e tudo.
Penso que quando o Z se mandou para o chão foi com 2 pressupostos;por um lado,o menos importante,tinha sido caçado em cima do bolide e dada a qualidade da pintura não quereria passar pela hipotese de eu lhe apresentar a factura por qualquer dano que pudesse encontrar naquela imaculada pintura.Mas o rapaz sempre foi esperto,não disse teimoso,esperto,porque matou logo duas cajadadas com o mesmo coelho:atirou-se para o chão,(coitadinho está ferido já basta de sofrimento,não lhe peço a pintura nova,terá pensado ele que eu iria pensar) e por outro lado a Cruz Vermelha de Proença a Nova estava mesmo ali ao virar da esquina ou do outro lado do parque já não me lembro bem.
Gajas?Só as da Cruz Vermelha