A notícia de que havia uma casa à nossa disposição durante uma semana ou duas, e que o nosso amigo das esferas tinha a porta aberta para alguns, correu depressa. Tão mas os cotas? Onde estão os cotas?! Do outro lado do Atlântico!!! Desgraça... A porta transformou-se num portal e os alguns transformaram-se em todos... Um covil só para nós, onde podíamos ter o antes, o durante e o depois, na maior das calmas, com a nívea do lado de fora e os índigenas locais a interrogarem-se onde andariam aqueles de quem se falava. Mas uma das maiores características que possuíamos, era a capacidade inata de transformar pequenos eventos em festas de dimensão apocalíptica. Ainda mais num local com uma garrafeira maior que a casa da maior parte de cada um de nós, com arcas frigoríficas recheadas onde dava para estacionar um mini e tantos quartos que nem conseguíamos perceber quantos. Os avisos de "n'a pas de babouge" e "olhó processo", só davam para rir e fazer descidas de tobogan do 1º andar para o rés do chão. Ainda me lembro de todos a delirar com a mota a arrancar relva dos canteiros, dos petiscos até chegar ao fundo das arcas, da cada vez maior dificuldade em atingir as garrafas das prateleiras mais altas, dos voos razantes às alcativas, a saltar para cima de corpos nus em voo picado e das delirantes loucuras na cama nobre da casa, com remates finais de odores duvidosos. A viagem do Charles Duchassois, para além de mais cansativa, ficou a milhas do cardápio monumental que consumimos, item a item, dia após dia, naquela casa. Alguns de nós só foram a casa para tomar banho e mudar de roupa, porque o espectáculo não podia parar. Conseguimos recriar uma Las Vegas com cheiro a Kathmandu e sabor a Tailândia, mesmo no centro de uma cidade de preconceitos e tabus do tempo da inquisição e ainda gozávamos com aquela merda! Melhor que aqueles dias, só mesmo se o Paraíso fôr um enorme bordel de freiras, em saltos altos e cintos de ligas, a oferecerem-nos charruas sobre lombos de lagosta suada, com James Martin a acompanhar... Mas como não sabemos se é mesmo assim, já provámos do céu e do inferno, mesmo a abusar... e como ainda não havia a tecnologia de hoje em dia, o S. Pedro não deve ter gravações e vai morrer tudo no diz que disse... Eu por mim, já nem me lembro...
Lapidar djô. Coitadas da avó e da empregada. Eram as únicas virgens naquele paraíso. Ganda trombada, men. Viva a choupana!
ResponderEliminarBrilliant James.
ResponderEliminarTalvez condicionado pela experiência militar do quem vai p'ró mar avia-se em terra e outras que tal,quando surgiu o rumor da viagem transatlântica, as contas começaram a ser feitas para os dias de folga e trocas que teria que fazer para não perder pitada daquilo que prometia ser o evento.
O saco que trazia de Sintra com a roupinha para a mamã lavar, nunca chegou ao suposto destino porque eu tambem não,fiquei mesmo por ali.
Não vou entrar em detalhes sobre o que se passou porque seria estar a repetir-te;não acrescento nem tiro:corroboro.
Não posso no entanto deixar de referir a minha veia diplomática para as situações de transição,no caso as boas vindas aos cotas do esferovite;sim eu estava lá quando eles chegaram a casa,e nela com o que restava da dispensa,arca e garrafeira.A chegada foi efusiva e quente,pelo que precocemente já tinha tirado a t-shirt antes de lhes abrir a porta.Revelando algum nervosismo que atribuo ao jet lag e/ou ás saudades fui efusivamente cumprimentado pela cota, naquilo que penso ser um dialecto de alguma tribo nativa com quem ela tinha tido contacto durante a viagem, porque não consegui pecerber o que a senhora dizia.
Marinho já não me lembrava da gaja da choupana mas dizem que ela fazia um bom molho de natas.