29 março 2009

Lapsus

Hoje decidi que não iria falar apenas da juventude, dos tempos de liceu e do nosso grupo naquele tempo. Também... mas não só.
Porquê falar apenas do que se passou na juventude, se afinal o que se passou a seguir também é importante? Nem o termo será juventude, porque em muitas cenas continuo o mesmo. E muitos dos que deambulavam comigo na altura também. Quando eramos mais novos, será mais correcto... Falarei do que me apetecer, misturando os tempos da mesma forma que a vida se mistura e se desdobra em páginas já escritas. Afinal o que me fascina é isso mesmo, a forma mutante com que caminhamos nesta terra onde tudo existe desde sempre, mas que julgamos estar sempre a descobrir. Quantas vezes me deparei com situações e pessoas e pensei, isto faz-me lembrar aquilo ou aquele. Quantas vezes estive em locais, que sonhei existirem, quando ainda não sabia que existiam. E não só. Também olho para trás e muitas vezes penso como é incrível a diferença entre o que sonhávamos e o que viemos a fazer. Outras vezes fico maluco com a naturalidade com que se podia imaginar que algo aconteceria de determinada forma. Mas chego sempre à mesma conclusão: ninguém muda. Continuamos todos iguais. Podemos ter outro exterior, apresentarmo-nos de outra forma, sermos ricos quando erámos pobres ou corajosos quando erámos mariconços. Mas quando a situação é de decisão ou de tensão, o Eu emerge. E as histórias continuam. Nada mudou, apenas nos adaptámos.
Ah pois é...e quando nos dizem que o mundo está perdido, nós abanamos a cabeça e dizemos "ui ui está e muito"... e pensamos "não tá nada pah, tu é que és o mesmo cromo que eras quando andávamos no liceu...tá do melhor!"
E quando temos de vestir um fato e gravata e nos dizem que estamos giros, pensamos sempre "porra pensava que tava com ar de padrinho, afinal tou com ar de tótó...".
Nada muda... Disfarçamos é melhor...

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