31 março 2009

Notas Soltas

The Wall! Saiu hoje meu! Digerido nota a nota naquela noite de directa antes de ir para Torremolinos...
Mete aí! Mete aí que é fixe! A tocar toda a viagem no leitor de cassetes da camineta que nos teletransportou para o Zodíaco.
Atira aí! Atira agora! Garrafa de coca-cola cheia a rebentar depois de cair 5 andares no Piscis às tantas da matina!
Foda-se! Perna partida de camone depois de saltar da janela ao ouvir o estrondo de uma bomba no Piscis...de matina...
Mete-lhe bifes debaixo das almofadas! Assalto ao apartamento do amigo empresário das festas de finalistas...
Foda-se! Banhada de Kif no mercado de Algeciras!
Cabide! arrancado à dentada na casa de banho da disco...
Bairro da caixa! Directa antes de ir para Bebe e Dorme...
Descaramento! Fazer esperar o pessoal todo na "caminete" a chegarmos da casa do Z das baterias!
Putedo! Pôr gajos inocentes da turma de química a chupar cloreto d'etilo...
Meia branca! O cromo do Jana a arrastar-se atrás de nós!
Banhada! Bué delas nos supermercados 24 horas em Benalmadena!
Cornos partidos! Gajos foleiros de Torres Vedras armados em motoqueiros...
Puta cagaço! atravessar a fronteira de Ceuta com chá no bolso!
Zé Libanho! Fumador passivo e ganda javardeira com o gajo a comer em cima dos pratos...
Monumento! Carro alugado estacionado nas escadas da entrada do Piscis...
No passaporté! Espanhol armado em boi a querer que o pessoal pagasse na sei o quê!
Crashhh! Candeeiro das escadas esmerdado depois de um murro bem aplicado!
Elevador! Parado depois de lhe desapertarem os cabos...
Persona non grata! Mensagem de boas vindas ao pessoal tuga em Espanha!
Espanhóis! Gajos bacanos que curtem ser gozados pa carago...
Pessoal de Tomar! Estrondo nos anos 80...
Chiba! Estado normal...
Ressaca! Todos os dias...
Charro! Ah?! Hic!..
Regresso a Tomar! Puta seca...já???
Baile de Finalistas! Butes a Torremolinos outra vez?

30 março 2009

All Garve

Carro do estilo "amaricano", assim com os bancos corridos à frente, verde metálico bem a estalar e com um motor daqueles que em vez de consumir gasolina, consumia estações de serviço...carpélio branco já não me lembro bem onde, e um roncar que até arrepiava. Não me perguntem a marca porque era em amaricano. Era a última aquisição do amigo dos aviões telecomandados. E porque gajo dos telecomandados nunca é peça única, tínhamos outro amigo dos telecomandados, o Z do joystick. O Z era um bom amigo que tinha a particularidade de que quando se começava a rir, não parava e contagiava o burgo todo. Agora diz que lava a cabeça com farinha, mas já à muito tempo que não o vejo. E lá vamos os três para a praia mais perto, com água quente e gajas! Algarve. O actual All Garve para os mais novos que não se lembram. Viagem de sonho, embora com uma fumarada constante dentro do carro o tempo todo! E o raio do carro não consumia só muita gasolina, era um derreter de dinheiro em carteiras de fósforo e papel de arroz. Mas lá fomos com a música a estalar em grande estilo... Chegámos a Armação de Pêra noite dentro e discussão puxa discussão, um dizia que era já ali, outro que era em frente e o outro não dizia nada porque nunca tinha lá ido. Mas a placa estava lá e a avenida também. De repente ouve-se um estrondo potente: Crashhhhhhhhhhhhh!!! E lá estavámos nós em cima de um passeio bem largo, o carro amaricano todinho em cima dele e nós a dizermos entre risos e gargalhadas "ai o carago mas não viste a estrada aqui pah? Como é que viemos parar em cima do passeio? O carro deve tar todo abrasado men!" Lá saímos, olhámos para o maquinão a pensar que já não se mexia dali, mas não. Aquela locomotiva nem um arranhão tinha, impecável, nem o carpélio tinha saído do sítio...
-Esta merda gasta bem mas é um carro potente!
-Podes crer!
-Podes crer!
E lá andámos as nossas férias todas com aquele carrão sempre impec. Só tinha o defeito do fumo constante lá dentro. Ah... e depois também começou a consumir muito goronsan.
O carro era um espectáculo!
O Z que era o único que ainda não acreditava naquela máquina, tentou uma vez pô-lo à prova e sentou-se no capot de calções enquanto o desafiava e dizia:
-Trava, trava que eu aguento-me...
Mas mais uma vez o carro amaricano não falhou e ao estilo dos cavalos indomáveis, emitiu um hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! alucinante e travou a fundo! O Z também não se ficou e lá foi à procura de bocados de pele no asfalto... Era só cortire! E agora com mercuriocromo!
Grandes férias, grandes amigos e grande carro aquele...
Claro que também havia gajas!
Algumas por lá, também a passar férias...
Mas nunca as vimos...
Deviam ir à praia de dia...

Desporto no Liceu

Num belo dia, estava a falar com um familiar que tinha no liceu, não interessa quem, todos sabem quem era. Tinha ar de meio tótó mas o que certo é que acabou por tirar um curso daqueles que têm canudo, ordem e bisturi. Um curso potente. Nisto avizinha-se um amigo dele, esse sim, tótó completo, com quem às vezes gozávamos sem dó. Ele era grande, mas não era grande coisa. Bronco, arrogante e com aquele ar de sarna esfarricada que incomoda e nos faz coçar sem vontade de parar. Como sempre, já não descolou e começou a ser melga, de tal forma que me fez saltar a tampa da moleirinha. Puxei a culatra atrás, bem puxada como fazia nas fisgas quando era puto e zás! Pimba que é oferecida! Apliquei-lhe tal estampilha fiscal, que o energúmeno logo ali mergulhou no cimento daqueles passadiços manhosos que o liceu tinha. Ora não é que hoje, vinte e tal anos depois, cheguei à conclusão de que afinal eu naquela altura, já praticava um desporto de que só agora se fala? E foi a ver televisão que concluí isto tudo, pasme-se! Eu era já um praticante de bullying e ninguém me disse nada! Vou já ligar aos meus amigos para ver se ainda temos direito a reclamar alguma coisa, tipo podermos patentear o desporto, ou assim. Ainda não estou em mim. Acreditem. Bullying...ganda nome pah...

Pera, tão-me aqui a dizer que isto não é bullying porque não fazia uma pressão continuada...
Ah.....

29 março 2009

Lapsus

Hoje decidi que não iria falar apenas da juventude, dos tempos de liceu e do nosso grupo naquele tempo. Também... mas não só.
Porquê falar apenas do que se passou na juventude, se afinal o que se passou a seguir também é importante? Nem o termo será juventude, porque em muitas cenas continuo o mesmo. E muitos dos que deambulavam comigo na altura também. Quando eramos mais novos, será mais correcto... Falarei do que me apetecer, misturando os tempos da mesma forma que a vida se mistura e se desdobra em páginas já escritas. Afinal o que me fascina é isso mesmo, a forma mutante com que caminhamos nesta terra onde tudo existe desde sempre, mas que julgamos estar sempre a descobrir. Quantas vezes me deparei com situações e pessoas e pensei, isto faz-me lembrar aquilo ou aquele. Quantas vezes estive em locais, que sonhei existirem, quando ainda não sabia que existiam. E não só. Também olho para trás e muitas vezes penso como é incrível a diferença entre o que sonhávamos e o que viemos a fazer. Outras vezes fico maluco com a naturalidade com que se podia imaginar que algo aconteceria de determinada forma. Mas chego sempre à mesma conclusão: ninguém muda. Continuamos todos iguais. Podemos ter outro exterior, apresentarmo-nos de outra forma, sermos ricos quando erámos pobres ou corajosos quando erámos mariconços. Mas quando a situação é de decisão ou de tensão, o Eu emerge. E as histórias continuam. Nada mudou, apenas nos adaptámos.
Ah pois é...e quando nos dizem que o mundo está perdido, nós abanamos a cabeça e dizemos "ui ui está e muito"... e pensamos "não tá nada pah, tu é que és o mesmo cromo que eras quando andávamos no liceu...tá do melhor!"
E quando temos de vestir um fato e gravata e nos dizem que estamos giros, pensamos sempre "porra pensava que tava com ar de padrinho, afinal tou com ar de tótó...".
Nada muda... Disfarçamos é melhor...

Tarefas domésticas


Podem pensar que naquele tempo era só curtir, que eramos imaturos, que não estávamos preparados para a vida nem nos preocupáva-mos com isso. Engano vosso! Estávamos muito atentos ao futuro e já pensávamos que um dia teríamos de viver a nossa vida fora do ninho, ter o nosso próprio covil, a nossa loba alfa e as nossas crias. Como não tínhamos reuniões da tupperware, tínhamos reuniões para treinar algumas tarefas domésticas que um dia poderiam servir para ajudar a nossa cara metade. Éramos muito preocupados. Desde as reuniões em casa do M das tolas em que aprendíamos a preparar as mais diversas bebidas e desenvolvíamos capacidades de escanção. Ou as sessões que realizámos para aprender a trabalhar com as máquinas de 1, 2, 3 incansáveis a rodar as suas lâminas num bzzzzzzzzzz que transformava tudo em pó. Até, e porque não dizê-lo, aprender a manejar o ferro de passar , treinando a engomar colarinhos imaginários de celofane muito bem compactados, autênticas barrinhas de chocolate delicioso, do tipo fada do lar. Por último até chegávamos ao pormenor de aprender o manejo da lâmina em pequenos cortes verticais, com a delicadeza de um artista que trabalha em cristais delicados. Pensávamos no corte dos alhos claro, da cenoura e das cebolinhas. Não haja dúvida que não andávamos a brincar. Tínhamos mesmo vontade de aprender e virmos a ser maridos exemplares. Mais tarde falarei também dos treinos de primeiros socorros... Muito treinávamos nós men. Amén.

27 março 2009

Uma história com mais de 20 anos (já prescreveu...)


Certo dia, soubemos que ia haver um teste no dia seguinte, já nem sei de quê. Mas que raio de ideia era aquela de haver um teste assim daquela maneira, sem avisar um gajo? Ah a prof disse na última aula... Mas já não iamos à aula dela fazia um tempo, como é que podíamos saber?! Não era que não gostássemos da aula, mas calhava sempre à hora em que já tinhamos coisas combinadas. Horários mal feitos via-se logo. Ganda cena que estava ali armada, um teste e ainda por cima nem fazíamos ideia do que se tratava. Já estávamos desesperados e chegamos até a pensar em ir estudar nessa noite. Mas estudar o quê? Nos cadernos enrolados não havia registos da misteriosa matéria que a prof tinha dado. Resolvemos pensar no assunto nessa noite e de manhã após aturada reunião, decidimos o que fazer...
-Ligamos para o Conselho Directivo e dizemos que há uma bomba no liceu!
-Boa ideia djô, já nem há aulas nem o caneco tas a ver?
-Podes crer.
-Ya, podes crer.
Trimmm...trimmmm..
Sim?..
-Tou...bom dia...é do Conselho Directivo?
-É! Qual é o assunto?
-Bom..errr..queríamos comunicar que está uma bomba no liceu...
-Ai sim? Está bem, obrigado pela informação, bom dia.
Pu...pu..pu..
-Fdx djô viste esta merda? A gaja desligou!
-Desligou? Mas desligou como?
-Desligou carago! Disse obrigadinho pela informação pah, acho que era aquela gaja que tem uma cena na boca..
-Xiiiiii essa gaja? Pois a gaja é lixada meu...podes crer...
-Ya men agora temos mesmo que pôr uma bomba para a gaja se borrar toda!
-Podes crer...mas como arranjamos uma bomba? Tens alguma?
-Não e tu? Não tens nada lá em casa? ou o teu cota ou isso?
-Não....ganda cena....muita má esta cena....agora não temos bomba..e a gaja não acreditou...
-Pois não...mas olha lá...só se fossemos comprar um morteiro aquela loja dos foguetes tas a ver?
-Podes crer! Um não, dois ou três! Mas depois como é que rebentamos aquela merda?
-Epah compramos rastilho também deve haver ou carago...butes lá ver...
-Butes!
E lá fomos a pensar o que é que íamos dizer ao gajo dos foguetes...mas a coisa foi fácil. Entrámos e pedimos 3 morteiros e o gajo na boa, pimba, ó agarra aí! E rastilho? quantos metros? Ganda pergunta...epah um bocado, pode ser isso que tem aí...
E lá fomos os dois até casa do gajo que os cotas não tavam lá...
Tiramos as cenas que os foguetes têm para subir e como estávamos numa de ver como é que aquilo funcionava, pusemo-los em pé no chão e pegamos fogo...
fshhhhhhhhhhhhhhhhh aquela cena sobe numa broa e bate no beirado da casa, caem dois ou três ninhos de andorinha, era só passaritos no chão e nós muito atoa...
-xiiiiiiiii abrasámos os pássaros tadinhos...
O gajo tinha dois cães no jardim, bom, paparam os pássaros tipo num fogacho...slurp..slurp...
-xiiiiiiiiiii os cães comeram os pássaros ganda cena....
-Podes crer...ganda cena...butes juntar os morteiros e por o rastilho?
-Butes.
E lá estava, uma bomba de morteiros, fita-cola e um rastilho verde, bem bimbalhão.
Fomos para o liceu, onde se pôe, onde não se pôe,... pomos numa casa de banho da sala de convívio e quando sairmos fechamos a porta para não apanhar ninguém...
-Boa...
Foi lá um primeiro mas como não sabíamos bem o tempo que o rastilho demorava, pôs um bocado de papel higiénico agarrado, pegou-lhe fogo e saíu...
Viemos cá para fora, para não dar bandeira...
-Ia cum carago agora é que é...
-Podes crer...
...
-Quanto tempo já passou? aquela cena não rebenta ou quê?!
-Sei lá...se calhar apagou-se.........hã?
-Porra vou lá ver, salto por cima da porta....
-Ya...
Quando se chegou lá, estava apagado....o papel higiénico não era bom nas bombas...concluímos logo essa cena...vai de acender no rastilho e logo se vê...sair rápido....
-Tão já está?
-Já, agora deve rebentar...acho eu...
BUUUUMMMMMMMMMMMMMM!!!!
-xiiiiiiiiiii ganda estalo cum caneco!
-Podes crer, parecia uma bomba!
-Pois parecia...igualzinho!
Bom....paranóia no liceu todo...mas que foi isto? o que é que rebentou? era uma bomba? diz que sim... era não...diz que era um petardo....ia um petardo caneco... que estrondo... o que é um petardo? Diz que é como uma bomba...ah....uma bomba...mas não era um petardo?...
E nós naquela...
-tão mas isto não fecha? Estes gajos são malucos ou quê? tá quase na hora do teste...
E pimba...não é que não fechou mesmo? Só fechou a sala de convívio!
Chamaram a bófia, investiga e tal, mas o liceu é que fechar, nada...abertinho como uma lata de sardinhas, todo escancarado...
No dia seguinte chegámos ao liceu de manha, estava fechado! Fechado!
-Fechado? Mas fechado porquê?!
-Epah diz que ligaram para aqui a dizer que havia uma bomba e como houve aquilo ontem, fecharam...
-Ia cum carago! Tão hoje é que fecha?! fdx nem dá para acreditar cum caneco...
-Podes crer...
-Podes crer mesmo djô..
-Ya...
-Porra...podes crer...ganda cena...
-Tão butes, vamos circular...
-Ya butes...

Lá está, um atentado nunca compensa, que o diga o Bin que agora tem de andar sempre enfiado em grutas e a comer enlatados...se bem que os enlatados não são de porco... podia ser pior... assim sempre mama umas sardinhas... ou umas lulas recheadas... é pouco bom é...

26 março 2009

Ruídos na noite

Naquele tempo o nosso isqueiro chamava-se carteira de fósforos, os cigarros "finos" eram os definitivos e os únicos sítios que tinhamos para estar descansados a conversar sobre as razões da vida, eram o jardim junto ao rio, o mouchão e o açude. Raramente eramos interrompidos, a não ser pela passagem da Nivea ou de alguma ratazana da noite. Algumas já as conhecíamos só pelo barulho das patas a arranhar a terra molhada... Tinhamos dificuldade em ir para casa, tantos eram os temas que nos povoavam a mente, sempre associados à higiene dos sabonetes que meticulosamente esquartejávamos, qual talhante experiente na solidão de um talho. Conhecíamos todas as sombras e odores da noite, que nos acompanhavam enquanto conversávamos sentados nas mesas de pedra a fumar cigarros que tirávamos de maços sem brilho, acesos pelas carteiras de fósforo reduzidas à lixa... escorregavam as cabeças dos fósforos.. fshhhhhhhhh... Noite após noite...
Mas uma noite a seguir ao fshhhhhhhhh seguiu-se um puihh! ...... puihh!.... silêncio. Puihh! puihh! A nivea não era que não apitavam, o vento não fazia puihh e dos fósforos não era. Os sabonetes também não faziam puuihs. Mas o puihh!... puihh!... repetia-se, ecoando na noite.
Afinal havia um animal terrífico que se escondia na penumbra, algo até hoje inexplicável mas que sentimos durante muitas noites mais... Um de nós, mais culto e atento esclareceu os demais: É o pássaro da ganza friaaa....
Ah carago, pensamos todos... Afinal aqueles gajos que diziam que viam e ouviam ovnis, não percebiam nada da cena... puihh!...puihh!... O pássaro da ganza fria... cais ovnis cais carago...
E lá ficou o gajo pousado nas árvores do jardim muito tempo, mas só fazia barulho à noite...

25 março 2009

O Liceu

Naquele tempo o nosso liceu tinha contínuos, portão aberto e sala de convívio. Nada de auxiliares de acção educativa, cartões multifunções ou proibições da treta. Fumava-se em todo o lado e quem não fumava era careta. Fixe era um gajo baldar-se às aulas e mandar umas bocarras potentes ao stor, de maneira a que ele ficasse bem abrasado. E quem era pintas chegava atrasado, ficava na última fila e ia pa rua passado 5 minutos. Tão vieste pa rua? ya ganda seca men o stor é um cromo. Tudo na base da amizade. Topo de gama era ir ao Conselho Directivo fazer de tótó, com a mão no bolso a fazer um pirete ao gajo das barbas! E os livros que tinhamos naquela altura? Um caderno dobrado ou enrolado cheio de bonecos satíricos e o nome das gajas que curtíamos. Nada de pastas e dossiers abichanados. Mas isto não é saudosismo pah. É que é mesmo assim como dizia o Zé das Bananas. Queres ver um indivíduo a ir para a rua? E o pessoal até batia palmas com a lingua no céu da boca! Butes mais um pa rua! Pimba! Ainda me lembro do E a dizer "mas pipisco xotore" e o prof de economia a bater mal...E a prof de química a vomitar na aula e o pessoal a sonhar em vê-la sair de cadeira de rodas com o tubo do soro encavado num braço? Ganda Liceu aquele. A única vez que o zé men pediu ao C (outro C que era parente de cabras) para apresentar o cartão à entrada, o gajo quando meteu a mão no bolso de trás, estatelou-se de costas com ar esgazeado e emitiu um grunhido tipo pocarapah!!! E o nosso amigo C (outro C mas este gostava de cavalos com barulho de fantic) ria-se pa carago, com aquele ar de puto que levou para o outro lado. E aquela da turma do M que distribuia beijos na boca a pedido do pessoal? E nunca apanhámos nada, só ficavamos com vontade de a pôr nas mesas de ping-pong a fazer de rede...E do N lembram-se? O gajo com aqueles anéis maleáveis no dedo a rir-se atrás do bigodinho...Líbano meus amigos, Líbano...Grande escola aquela...escola da vida e das vidas, nada abichanada pah...Agora "parou-se-me" o cérebro, mais tarde contarei mais...vou beber um cházinho que já tou muita cota...e não é do Diabo :)

24 março 2009

Saídas Cruas

Não tinhamos telemóveis por isso saía de casa e tocava a campainha do amigo M do prédio do lado. Como é qué? butes ao Diogo? Pah ainda não jantei já lá vou ter. Ok... Seguia a rua, mordia as garinas e olhava para ver se as sapatilhas tavam fixes. Um salto e batia na janela do C..demorava sempre bué mas lá aparecia. Butes ao Diogo? Pah entra aí ouve uma cena fixe que tenho aqui. ok.. E lá ficávamos a ouvir música uma beca. Fazes a mistura? Ya.. É fixe esta música não é? Ya.. Butes lá ou não? Ya mas faz outra aí men! Ya podes crer é pa loucura..Toc toc..olha é o M...entra aí men butes partir connosco. Ya na boa. Puta moca men butes ao Diogo beber umas super bock e morder as garinas. Tão não. E lá iamos rua abaixo. Pera aí men deixa-me comprar uns avulso no aldrabão pah! fdx despacha-te lá pah sempre a mesma cena. Butes. E lá chegávamos ao Diogo. Ya cum carago já tas muita nebulado men. Podes crer fdx tens visadron? Não. Ganda bandeira men. Vamos ao pim pim? Ya talvez. hmmmm uma super bock bebes? Ya. Porra pah não se faz nada aqui. Butes partir uma no mouchão? Ya.

Nomes

Os nomes não os posso dizer, mas para quem viveu as noites no mouchão, comeu os pipis no Diogo ou levou com o ZéMen no Liceu, entenderá fácilmente do que falo. Desde pistoleiros do Oeste, parentes do Calígula, defuntos com picos, condutores de carochas, entregadores de cartas, homens de tolas, pastas medicinais, especialistas em gráficas, todos tínhamos nomes de guerra, ou melhor, nomes da noite. Nomes por categorias conforme a dureza dos grupos. Havia desde os fazedores de stations até aos simples colas e penduras dos grupos da noite. O nosso grupo gostávamos de dizer que era a Velha Guarda. Guarda não sei de quê, porque não guardávamos nada. Velha só se fosse porque havia putos mais novos que nós, que éramos putos...

Arranque do blog


Em conversa com um amigo meu, homem de grandes habilidades no manejo de aviões telecomandados e fã fervoroso do grande Azzaro, surgiu-me a ideia manhosa de fazer um blog sobre a minha juventude atribulada e a de todos quantos comigo a partilharam. A ideia surgiu a propósito de um outro blog, criado por um outro amigo, o que me fez pensar em dedicar algum tempo a relembrar dias de loucura na cidade dos Templários. Perdoem-me possíveis falhas de memória ou lembranças esfumadas no metal dos cachimbos de prata. Perdoem-me se me esquecer de alguém ou se não contar tudo. Perdoem-me se já não tenho todos os sectores em funcionamento. E que me perdoe o zélibanho por o termos deixado esquecido em Torremolinos.