Ultimamente apetece-me contar histórias da vida real, fantasias que me povoavam a mente na juventude, histórias fantásticas da minha idade adulta. Adulta ou cota, é o que quiserem, porque tou-me pouco lixando para rótulos e chavões! Numa noite como outra qualquer, mas não num sítio qualquer, levaram-me a um bar na cave de um prédio de muitos andares, desgastado e sujo pelo tempo, pousado numa selva de betão armado e de recordações côr de sangue. A descida pelas escadas estreitas, a música electrónica a aumentar brutalmente de volume e o cheiro a perfume vulgar e incenso, fizeram-me imaginar uma descida ao inferno. Não me lembro do nome do bar, mas lembro-me das inúmeras salas psicadélicas povoadas de pessoas invulgares, roupas atípicas, risos, faces... Entrei na sala principal e encostei-me ao balcão corrido e ondulante para pedir uma bebida, talvez uma caipiroska. A parede do fundo era ocupada por uma cruz monumental em madeira, onde uma mulher nua e de seios voluptuosos representava a crucificação, pernas ligeiramente entreabertas... madeira feita pecado...Quando ia para comentar aquela visão alucinante, copo gelado na mão, uma mulher nua dançava à minha frente no balcão e outra ao lado e mais outra além...Os corpos retorcidos em cima do balcão, a cerveja vertida a escorrer, a música alucinante, os olhos com brilhos de luzes intermitentes, a sensação de uma descida ao purgatório... ou paraíso? Pensei no que pensava quando circulava na rua. Pensei no que pensaria a próxima vez que circulasse na rua. Pensava naqueles que pensam que só existe o mundo à superfície. E pensei: puta que pariu, isto não tem nada a ver! Isto não é desbunda, não é curtir, não é loucura! Isto é a loucura total! Afinal há mesmo vida para além da morte e há sítios que o comprovam... Quando ao fim da noite emergi na rua, nunca mais fui o mesmo, parte de mim diluiu-se naquele mundo, ficou misturado na cerveja a pingar na ponta do balcão, suspensa no ar, sem gravidade. Na rua a neve caía ao ritmo do zumbido nos ouvidos, o ar gelado cobria-me a pele, a noite abria-se para me deixar passar...Pensei no que é real, no que é imaginário, na importância dos sentidos... e deitei-me no mundo dos novos primitivos...
06 maio 2009
05 maio 2009
Pra onde eles váo, já eu de lá venho...
Já falei da desilusão, ou melhor, da confirmação do que era por demais evidente, sobre os famosos países de leste. Não se pense no entanto que não gosto dos países de leste! De facto adoro os países de leste, tendências politiqueiras à parte. Até porque esse é um peditório em que não dou, política. Mas voltando à vaca fria, os países de leste são para mim um fascínio, um deleite para os sentidos e um orgasmo intelectual. Muito se fala, muito se conta, muito se comenta, mas nada se compara a ir lá em trabalho. Nada de feriazinhas da treta nem hoteis encomendados numa agência de viagens tuga! Nepia! Tudo hard rock ao natural!!! A primeira vez que aterrei na Bulgária, senti-me logo em casa. As palavras escritas em letras garrafais no topo de um dos edifícios do aeroporto, fizeram-me sorrir e pensar que afinal o mundo é mesmo uma aldeia global... Air Khona. Air Cona? Fongasse...perguntei logo ao amigo Tchenev, que cena era àquela. O Tchenev que fala tuga, ria-se de boca aberta com um hálito potente a vodka: é a companhia aérea bulgara! Jura? Potente! Espero que faça juz ao nome... Na viagem para o hotel comentei que o vacão que ia a conduzir nunca fazia pisca... O resto dos búlgaros em vinha d'alhos riram-se pa carago! Porra, aqui os barbitúricos estão-se a rir de quê ó Tchenev?! Epah, sabes que em búlgaro pisca quer dizer pila! Nahhhhhhhh!!! Jura? Mas há aqui alguma coisa que não cheire a sexo ou vodka? É que esse gajo não faz piscas e agora pôs pisca na curva, tá com uma grossura que até estala.... Risada geral! Ó Tchenev, não digas mais...que broa é que mandei agora? Diz o gajo com ar de búlgaro: É que curva em búlgaro quer dizer puta... e tu disseste pisca na curva... Ahhh disse eu... pisca na curva.... E dizia o gajo: Os meus amigos tão a dizer que se os tugas são todos como tu, são uma moca... Ganda moca é a bulgária pah! E meus amigos se é... Só vendo carago, mas não levem companhia... lembram-se daquela de sete mulheres e meia? Butes pôr pisca na Bulgária! Nasdravia... Hic!
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